domingo, 18 de janeiro de 2009

Sai Aníbal, Entra Aníbal

A agência estatal de notícias do Acre vende hoje gato por lebre ao anunciar (leia) que o governador Binho Marques (PT) "decidiu promover importantes mudanças" na estrutura de comunicação social, com o objetivo de fazer da agência a "principal e mais completa fonte de informação sobre o Estado".

O jornalista Aníbal Diniz, que controlou formalmente a mídia durante oito anos da gestão Jorge Viana, reassume a Secretaria de Comunicação no lugar de Jorge Henrique, que vai dirigir o futuro Instituto Social de Comunicação. E o jornalista Itaan Arruda deixa o cargo de assessor de imprensa de Binho Marques para assumir a direção de jornalismo da estatal TV Aldeia.

Pura potoca anunciar como sendo "importantes mudanças" o que na verdade se configura como manejo sustentado de cargos e salários envolvendo uma confraria. Aníbal Diniz jamais deixou de dar as cartas no setor, sempre de acordo com as orientações que recebe de Jorge Viana e de Tião Viana, de quem é primeiro suplente no Senado.

Especialmente nos últimos dois anos, nada foi feito na comunicação social do Estado sem a anuência dele e da primeira-dama Simmony D'Avila, mantida formalmente afastada do setor para evitar crítica de nepotismo, embora isso não deixe-a menos poderosa que o marido governador na hora de decidir. Feliz de quem se afina com com eles. Jorge Henrique, Itaan Arruda e outros que o digam. Quem não se afina, está finado.

Bem, o sistema público de comunicação no Acre sempre esteve e continuará a serviço da política e cada vez mais distante da cidadania. Basta conferir o noticiário bajulador que impera na agência estatal de notícias e que é reverberado integralmente nos veículos privados de comunicação custeados pelo erário.


Digamos que o sistema é tão eficiente que censura até aqueles que imploram e cobram para ser censurados. Coitado de quem sonha em ser jornalista no Acre. O que se vê é o tal sistema amestrando-os para servirem ao governo Jorge Viana, ao governo Binho Marques e mais adiante a qualquer governo.

Dois fatos (poderia relatar dezenas) expressam em parte como o governo petista da floresta lida com a mídia.

Dia 19 de junho de 2003. O telefone toca e sou convocado para entrevistar (leia) para o Página 20 o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, no gabinete do então governador Jorge Viana, onde ambos almoçaram naquela tarde.

Ao término da entrevista, meu agradecimento de praxe. O governador e o ministro me acompanham até a porta. Na despedida, Jorge Viana reforça minha apresentação a Dulci:

- Ministro, o Altino Machado é um puta jornalista. O único defeito dele é gostar de dar más notícias de vez em quando.

- Ministro, aprendi com ele. No começo, quando Jorge Viana era um ilustre desconhecido, eu trabalhava no Estadão. Ele pedia-me para dar más notícias sobre as mazelas da política no Acre.

E sorrimos os três sem a menor graça.


Dezembro de 2007. Dois ou três dias antes de se despedir do cargo, o então governador Jorge Viana convidou a imprensa para almoçar num hotel da cidade. Após a extravagância, os jornalistas foram todos embora.

E lá ficamos Oli Duarte, Aníbal Diniz, Jorge Viana, Binho Marques e eu. Animado, Diniz pegou o laptop dele e acessou a web. Disse que iria conferir o que havia de novo neste blog.

Encontrou um post a respeito da promessa do governador eleito de que jamais ira telefonar para pedir favores ou censurar veículos de comunicação. Como de costume, Aníbal aplicou uma ou duas caçuletas na própria orelha e deixou escapar uma pérola:


- O Binho diz que não fará isso porque sabe que existe gente pra fazer por ele.

Não foi reconduzido ao cargo, mas continuou mandando. Como daqui a dois anos teremos eleição...

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