sábado, 24 de janeiro de 2009

Andressa Soares - a mulher melancia

Ilustrações de Henrique Monteiro, texto de Priscilla Santos

A genealogia mítica de Andressa Soares remonta a uma linhagem de embasbacantes mulheres que se inicia com a ex-chacrete (hoje empresária pornô) Gretchen passando por Carla Perez, Tiazinha e vai desaguar numa massa indefinida de cachorras e popozudas engaioladas, massa esta de onde ela emergiu sacralizada como a Excalibur . Foi por isso que, aos moldes dos super heróis e heroínas, Andressa guardou para os documentos civis seu nome de batismo e assumiu a legenda de Mulher Melancia, atual Garota Melancia: a dançarina do “créu”.

andressa soares mulher melancia henrique monteiro

A população foi quem lhe deu a alcunha; primeira musa bundística do século XXI brasileiro, Melancia passou a ser chamada assim por conta de uma – agora antológica – foto postada no Orkut por um colega da Rádio FM O Dia, o apresentador do programa em que Andressa trabalhava como... musa. Eles diziam: que isso?! A bunda dela parece uma melancia! Então ficou, ela explica.

Mas o sucesso nacional viria mesmo depois do DVD-baixo-orçamento Tsunami 2, recorde absoluto de vendas entre os camelôs de toda a cidade, o show de funk exibia a apresentação da “Dança do Créu” interpretada por seu criador, o Mc Créu, onde Andressa, já Melancia, balançava toda a glória de seus 121 cm de bunda, incansavelmente, na cadência imperativa do refrão. A saber: créu, créu, créu, em cinco velocidades . O show, a dança, o intérprete e as re-cópias do vídeo se espalhariam pelo país como uma endemia braba. Quatro meses depois, ela seria capa de uma edição especial da revista Playboy brasileira. Cinco meses depois, e 250 exemplares vendidos por hora, ela entraria para a história como a maior vendagem da publicação.

Neste mês de julho, a Mulher (ou Garota) Melancia é novamente playmate, para alegria de milhões e ódio de outros milhões. Já faz inclusive rebeldias quando repreendida pelo, praticamente anônimo, fotografo J .R. Duran: mais respeito, porque agora eu sou famosa, sou estrela.

Mas não há o eterno: o créu passou a tomar todo o meu tempo, desabafou ela outro dia numa entrevista, 2 cm de bunda mais magra. Era para justificar o porque do desejo de envolver-se em novos projetos, projetos solos. Melancia quer dançar com seu próprio corpo de dança e quer “cantar” mais. Planeja também sua tournée pela Europa, divulgar sua música Velocidade 6, além de dedicar-se ao programa de rádio.

Enquanto não embarca, a Garota (ou Mulher) Melancia prossegue sendo musa absoluta dos dois principais tablóides pulp reality da cidade do Rio de Janeiro, o Meia Hora e o Expresso. É difícil que passe um dia sem que Andressa, no alto de suas 20 primaveras, estampe lá uma ou duas notas, em fotos, manchetes ou notinhas geralmente intituladas com um vocabulário sacana. De qualquer modo, foram eles que deram, atenciosos, a notícia do incidente em que Melancia foi ferida: um senhor, que se dizia incomodado pela confusão orbitante ao redor da morena, resolveu jogar-lhe uma garrafa. Mas, rapidamente, vizinhos sinceros contaram aos mesmos tablóides que tudo havia sido por causa dos ciumes da esposa desse tal senhor já que, no dia, Mulher (ou Garota) expunha – profissionalmente, claro – seu aclamado derrière bem em baixo de sua janela onde seu marido tomava, coincidentemente, uma fresca.

A passionalidade almodovariana rendeu à Andressa Soares um corte superficial no tornozelo e um abalo nervoso justificável. Felizmente o episódio foi logo esquecido e podemos vê-la novamente sorridente, repetindo seu cânone de respostas modulares pelos canais de fofoca afora e, principalmente, exibindo toda sua bela anatomia e voluptuoso vigor atlético ao dançar o sensual ritmo.


1992, O amor natural: poemas pornográficos de Carlos Drummond de Andrade

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Das infinitas faces que um poeta pode ter, Carlos Drummond de Andrade, de muito bom grado, dispôs-se a mostrar-nos ao menos sete. Sacramentadas. Esses lados, essas faces, não são simples traços de estilo, certamente nem convicções quanto às formas, são algo além disso: o homem Drummond, o corpo além do poeta e, como todos os demais corpos, susceptível às passagens, mudanças e afetos do tempo. Sua passagem nos recoloca, nos re-escreve e, no poeta mineiro, haveria de fazê-lo admitir uma derrota diante de suas consumições eróticas. Nos conflitos entre as dores, a morte e a vida, o sexo aparece como peça atraente, extrapolação da vida em direção ao fim sem que necessite ser, de fato, o fim. É dessa forma que melhor se compreende a conversão do comedido mineiro em militante póstumo da sacanagem.

"O Amor Natural" não nasceu de um desvario momentâneo. O livro de poemas pornográficos, lançado em 1992, choque entre as mocinhas e senhores desavisado, expôs contornos radicais do poeta, mas o assunto já costumava aparecer em um ou outro poema, insinuadamente, fosse no embalo da união amorosa, fosse nos tons de poesia-piada, usuais no Modernismo (Era manhã de Setembro/ e/ ela me beijava o membro). Mas nesse há um desfile pelas páginas, uma galeria recheada de vulvas, línguas, falos, lambidas, pêlos.... O que mais houvesse para haver na cama entre homens e mulheres, está lá. Mas como? Aquele velhinho...?

Mario de Andrade costumava dizer que a culpa era toda da timidez. Faz todo sentido. Mas é igualmente coerente acreditar que as mudanças de comportamento que viu observar - naqueles anos de 1950, os comerciais já expunham muito mais pedaços de pele que na época dos bondes, nos anos 20, quando um tornozelo de fora era o auge do erotismo público - somadas ao avanço da idade, tenham feito nosso poeta alargar as brechas para o erotismo que já cultivava desde sempre. Mas, apesar disso, fato é que Drummond preferiu-se, num pedido compreendido e atendido, morto à época da publicação do livro. Morto quando admitisse que a pornografia venceu. Melhor assim que deixar-se entrever à frente de todos seus acessos delirantes por contornos passantes em bondes, camas ou moitas, de coxas, pernas e peitos femininos, sempre femininos. Sobre dores do ser, sobre a política e sobre as palavras, estaria a glória de um convulsivo orgasmo.

É assim que no livro, escrito em meado dos anos setenta, Drummond rende-se a produção de poemas que vão do erótico ao pornográfico, passando pelo completo despudor; versos milvalentes onde ato sexual não eleva nem rebaixa, mas sim, aceita exultante a condição simples, o exposto cru, bastante cru, de ser humano. Animal sem meias palavras: ato, suor, lugar, sémen, gemido, mamilos, modo. Uma pequena amostra dessas poéticas paixões carnais estão aqui nesta pequena seleção de cinco poemas de puro gozo retirados d´O Amor Natural.


Sugar e ser sugado pelo amor

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.


A língua lambe

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.


A castidade com que abria as coxas

A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estreita, como se alargava.

Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres

em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.

Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.


Mimosa boca errante

Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.

Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?

Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.

Já sei a eternidade: é puro orgasmo.


Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça

Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.

Hoje não estás nem sei onde estarás,
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.

Adorando.

Nunca pensei ter entre as coxas um deus.

Prill AvatarPriscilla Santos é adoradora de cervejas e colabora com o obvious. Mais informações e textos da sua autoria na página de perfil

Tomando coragem e indo para a rua




Na última quinta-feira, dia 22, muitos bolivianos tomaram coragem e foram para as ruas da cidade de Cobija, capital do Departamento (Estado) de Pando, para protestar e pedir que o povo vote “NÃO” contra a nova constituição que o Presidente Evo Morales tenta aprovar.

Uma manisfestação que há tempos não se via, desde o fatídico 11 de setembro onde 14 pessoas sucumbiram numa prova de intolerância. Com as notícias que caíram feito bombas atômicas contra o Ministro Juan Ramon Quintana e o ex-prefeito, ‘Chiquitin’ Becerra, fez com que os ânimos voltassem para lutar com direito a presença de Prefeitos (governadores) de outros estados como mostram as fotos acima.

Foto mais que suspeita...



Festa de São Sebastião em Xapuri sempre proporciona momentos de confraternização e encontro de velhos amigos da cidade. A pelada dos Amigos de Xapuri é um desses momentos. Na partida realizada no último final de semana, os masters de Rio Branco venceram os de Xapuri pelo placar de 5x0. Além de vencer o jogo, o goleiro Leônidas Badaró ganhou carinhos e afagos do repórter fotográfico Gleílson Miranda, da Agência de Notícias do Acre.

Que maldade contra Evo Morales



Que maldade! O povo está mesmo com raiva do presidente da Bolívia, Evo Morales. Bom... sabemos que o mandatário do País pode conseguir a votação que está almejando, mesmo apertada, mas pode ganhar.
Enquanto isso, recebi uns e-mails sobre a campanha do “NÃO” e outros até mal-criados que não podemos postar aqui. Mas esse chamou a atenção.

SOLICITUD DE APOYO
Hace 1 hora un grupo de delincuentes, aprovechando un descuido de las fuerzas de seguridad, han secuestrado al presidente 'Evo Morales'. Están solicitando 100 millones de dólares por su
liberación y si sus exigencias no son atendidas en 24 horas, amenazan con rociarlo de combustible y prenderle fuego.
Estamos organizando una colecta, apelando a su humanidad para que colaboren con lo que puedan.
Hasta el momento, hemos logrado reunir 5800 litros de gasolina,1250 de kerosene, 1700 cajas de fósforos y 200.000 encendedores, creemos que lo que­ tenemos no es suficiente. Por ello, todas las donaciones, por pequeñas que sean, serán bien recibidas.
Envíen esta carta como mí­nimo a cinco personas más. De lo contrario, podrí­an dejarlo vivo.
!!!!!!!!!!Gracias de antemano por tu colaboración!!!
Atte:
El pueblo Boliviano
Pd: reenvialo a todos los que puedas

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mallu Magalhães e a idade para fazer arte

O raciocínio de Marcelo Bôscoli se apoia numa abstração: não se pode separar a arte da experiência humana do artista, o que quer dizer algo como a arte deve ser um relance do peso da experiência de existir. Faz sentido. Arte tem a ver com emoções, auto-exposição e com a sensibilidade de tomar como seus os sentimentos das outras pessoas (o bom o velho "o poeta é um fingidor"). A pouca idade e o frescor de Joss não poderiam nunca sustentar o trágico no furor de Janis Joplin.

 Brasil Magalhaes Mallu Musica Violao

Nos chamados "10 meses que abalaram a música brasileira", conhecemos os quinze anos de Mallu Magalhães que, ao contrário das outras mocinhas da sua idade, não sonhava em ter uma banda de hardcore melódico e não era fã de Malhação. Gosta mesmo é de se meter entre os vinis do Johnny Cash, do Elvis e do Bob Dylan, heranças do pai. Em uma relativamente rápida progressão, Mallu saiu do nicho MySpace para ganhar posições nos charts de música e se tornar conhecida como revelação folk nacional, tão pronta para exportação quanto o pessoal do CSS.

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Fala-se de sua segurança no palco e a segurança de um cantar sozinho no palco com seu instrumento significam ou sua consistência musical ou sua enorme pretensão. A dúvida só pode ser tirada pelo tal raciocínio abstrato de Marcelo Bôscoli: o que acontece quando a arte e o artista se encontram produzem uma coisa que não dá pra saber o que é, mas causa arrepios. Mas Mallu Magalhães continua sendo só uma menina, e a sua biografia não é blues como a de uma Billie Holiday para que saia executando canções com a força que executa, com os ligeiros arrepios que causa. Talvez esteja aí a chave de tanta curiosidade em cima da cantora porque, não, ela não tem idade para ser artista no sentido mais romântico que isso costuma ter, mas ela é. O seu blues é o puro peso da idade em que, juramos de pés juntos, estamos, ao mesmo tempo, prontos para o mundo e aprisionados por ele – o peso de ser destemido, o peso de ser intocável.

O entusiasmo por Mallu Magalhães faz parte desses acontecimentos estranhos que assaltam o mundo de tempos em tempos: pessoas de sensibilidades precoces, com aptidão para desenvolverem muito cedo certos talentos e que, quando os expõem, impressionam pela grande inteligência que parece queimar etapas do desenvolvimento. Os prodígios nos enchem de curiosidade e revelam as ricas possibilidades da mente e das emoções humanas.

Multi-instrumentista, ela toca violão, banjo, gaita, escaleta e está aprendendo o piano. Mallu também compõe as próprias músicas, a maioria em inglês, por achar a língua mais melódica e menos difícil de domar dentro das canções. Mas também tem seus momentos no português e no francês. Vinda da classe média alta, a menina sempre teve o apoio e incentivo dos pais para cultivar e multiplicar sua doce criatividade.

A agenda de concertos cresceu absurdamente nos últimos dois meses, as entrevistas também. Mallu continua conversando com todos e respondendo às perguntas num misto de timidez e raciocínio tão rápido que a fala não consegue acompanhar, mas quando pega o violão e começa a cantar a mudança é de deixar desnorteado. A voz doce, a habilidade e intimidade com os instrumentos revelam algo que é difícil de explicar. E música poderosa nascendo do que parecia ser apenas uma menina.

Prill AvatarPriscilla Santos é adoradora de cervejas e colabora com o obvious. Mais informações e textos da sua autoria na página de autor

domingo, 18 de janeiro de 2009

Governo da Floresta já gastou R$ 350 mil sem licitações em projeto da Copa de 2014


Apesar de saber das remotas chances de se tornar uma das 12 sub-sedes da Copa de 2014, que será realizada no Brasil, Rio Branco, a capital do Acre e menor cidade candidata, já consumiu R$ 350 mil sem licitação pública, só no projeto de reforma de seu estádio, a Arena da Floresta. A denúncia foi feita em reportagem de Felipe Bächtold e Matheus Pichonelli, da Agência Folha, publicada neste domingo pela Folha de S. Paulo.

Segundo a reportagem, até o líder seringueiro Chico Mendes está sendo usado como argumentos para receber jogos da Copa de 2014. O discurso, denuncia a Folha, “se assemelha ao de postulantes a cargo político em ano eleitoral”.

Diz a reportagem:
No Acre, Chico Mendes, assassinado há 20 anos, entrou em campo: "A escolha de Rio Branco vai ser um gol verde na terra de Chico Mendes", argumenta, no texto do projeto entregue à Fifa, o comitê.

O texto, segundo a Secretaria de Esporte local, é assinado pela senadora Marina Silva (PT-AC), que cuidará do comitê de "legado" da Copa.

Os acrianos recorrem também ao fato de estarem no "coração da Amazônia", à proximidade com Bolívia e Peru e ao fato de terem a menor cidade entre as concorrentes para ser "representante das minorias" no Mundial.

O projeto do estádio em Rio Branco, a Arena da Floresta, foi elaborado pelo mesmo arquiteto da Arena da Baixada, de Curitiba, Luiz Volpato.

Fonte: ac24horas

O brilho da acreana Brenda Haddad


A atriz acreana Brendha Haddad cada vez mais integrada e destacada no elenco da novela "Caminho das Índias", de Glória Perez, outra acreana do pé rachado. Veja aqui.

20 de Janeiro em Epitaciolândia e a lama





Não sei de quem é a culpa. Se é do tempo, da Igreja ou da Prefeitura, mas, que não dava para andar direito não dava. Quem procurou o lugar escolhido para realizar o 20 de janeiro, Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade de Epitaciolândia, podemos dizer que não foi uma boa idéia.

Além de disputar o espaço com as barracas, parque e vendedores, tinha que preocupar-se com a lama que havia para todo lado. Os pais que levaram seus filhos para brincar no parque tinham até medo de deixar-los no chão.

Para preocupar mais ainda, era ver as condições dos brinquedos do parque. Não sei qual foi o critério, se é que tem, para aceitar montar um parque que mais parece uma casa dos horrores.

Infelizmente, minha filha não pôde brincar pelo medo. Isso mesmo, medo. Não tive coragem de por minha filha sozinha no “pato” ou em qualquer um deles. Outro ponto que chamou a atenção, foi o volume do som que estava alto demais e mal dava para conversar, se quisesse tinha que afastar-se do local.

Em suma, minha ida não durou meia hora, levei minha esposa, sogra e filha para comer uma pizza em outro lugar mais calmo. Para o próximo ano, os organizadores talvez deveriam preocupar-se mais com o bem estar das pessoas do que o lucro. Fica a mensagem.

Sai Aníbal, Entra Aníbal

A agência estatal de notícias do Acre vende hoje gato por lebre ao anunciar (leia) que o governador Binho Marques (PT) "decidiu promover importantes mudanças" na estrutura de comunicação social, com o objetivo de fazer da agência a "principal e mais completa fonte de informação sobre o Estado".

O jornalista Aníbal Diniz, que controlou formalmente a mídia durante oito anos da gestão Jorge Viana, reassume a Secretaria de Comunicação no lugar de Jorge Henrique, que vai dirigir o futuro Instituto Social de Comunicação. E o jornalista Itaan Arruda deixa o cargo de assessor de imprensa de Binho Marques para assumir a direção de jornalismo da estatal TV Aldeia.

Pura potoca anunciar como sendo "importantes mudanças" o que na verdade se configura como manejo sustentado de cargos e salários envolvendo uma confraria. Aníbal Diniz jamais deixou de dar as cartas no setor, sempre de acordo com as orientações que recebe de Jorge Viana e de Tião Viana, de quem é primeiro suplente no Senado.

Especialmente nos últimos dois anos, nada foi feito na comunicação social do Estado sem a anuência dele e da primeira-dama Simmony D'Avila, mantida formalmente afastada do setor para evitar crítica de nepotismo, embora isso não deixe-a menos poderosa que o marido governador na hora de decidir. Feliz de quem se afina com com eles. Jorge Henrique, Itaan Arruda e outros que o digam. Quem não se afina, está finado.

Bem, o sistema público de comunicação no Acre sempre esteve e continuará a serviço da política e cada vez mais distante da cidadania. Basta conferir o noticiário bajulador que impera na agência estatal de notícias e que é reverberado integralmente nos veículos privados de comunicação custeados pelo erário.


Digamos que o sistema é tão eficiente que censura até aqueles que imploram e cobram para ser censurados. Coitado de quem sonha em ser jornalista no Acre. O que se vê é o tal sistema amestrando-os para servirem ao governo Jorge Viana, ao governo Binho Marques e mais adiante a qualquer governo.

Dois fatos (poderia relatar dezenas) expressam em parte como o governo petista da floresta lida com a mídia.

Dia 19 de junho de 2003. O telefone toca e sou convocado para entrevistar (leia) para o Página 20 o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, no gabinete do então governador Jorge Viana, onde ambos almoçaram naquela tarde.

Ao término da entrevista, meu agradecimento de praxe. O governador e o ministro me acompanham até a porta. Na despedida, Jorge Viana reforça minha apresentação a Dulci:

- Ministro, o Altino Machado é um puta jornalista. O único defeito dele é gostar de dar más notícias de vez em quando.

- Ministro, aprendi com ele. No começo, quando Jorge Viana era um ilustre desconhecido, eu trabalhava no Estadão. Ele pedia-me para dar más notícias sobre as mazelas da política no Acre.

E sorrimos os três sem a menor graça.


Dezembro de 2007. Dois ou três dias antes de se despedir do cargo, o então governador Jorge Viana convidou a imprensa para almoçar num hotel da cidade. Após a extravagância, os jornalistas foram todos embora.

E lá ficamos Oli Duarte, Aníbal Diniz, Jorge Viana, Binho Marques e eu. Animado, Diniz pegou o laptop dele e acessou a web. Disse que iria conferir o que havia de novo neste blog.

Encontrou um post a respeito da promessa do governador eleito de que jamais ira telefonar para pedir favores ou censurar veículos de comunicação. Como de costume, Aníbal aplicou uma ou duas caçuletas na própria orelha e deixou escapar uma pérola:


- O Binho diz que não fará isso porque sabe que existe gente pra fazer por ele.

Não foi reconduzido ao cargo, mas continuou mandando. Como daqui a dois anos teremos eleição...